sexta-feira, 22 de julho de 2016

Troca de cartas entre crianças e idosos cria "amizade das gerações"


Com as mãos atadas e sendo acarinhada por Daniela Oliveira Zanatta, 7, Angelina Giannini, 92, se entusiasma ao contar da experiência recente de trocar cartas e histórias de vida com a menina. A dupla fez parte de uma iniciativa inédita idealizada pelo curso de gerontologia da USP, que tem unido, por meio de cartas escritas à mão, gerações diferentes para compartilhamento de aprendizado e afeto.

Durante dois meses, 19 idosos de um residencial na zona oeste de São Paulo, receberam e enviaram correspondências alunos de 7 a 9 anos de um colégio da zona sul. Para os que comandaram e viabilizaram o projeto, resultados positivos foram notados nas duas pontas. O idoso tem um ganho de autoestima ao transmitir conhecimento, tem uma oportunidade de criar uma relação nova com alguém de uma geração diferente.

A coordenadora da escola, afirma que as crianças tanto puderam praticar um gênero textual com o qual não tinham familiaridade como tiveram a chance de obter mais informações sobre a velhice, suas necessidades e suas vontades.

Emoção
Alguns temas foram previamente selecionados para a correspondência, que começava da criança para o idoso: uma apresentação do autor e de sua família, um relato a respeito de momentos inesquecíveis da vida e planos para o futuro.

Os alunos usaram pseudônimos. Não estava no plano um encontro ao vivo entre os grupos, mas a ansiedade das duplas foi tão grande que acabou acontecendo uma grande festa no lar que residem os idosos. A ação selou as amizades à base de abraços, beijos e lágrimas. Ninguém imaginava que as cartas seriam algo tão relevante como se tornaram: estímulos de valorização da vida e criação de respeito entre gerações. Foi algo inesquecível. Eles criaram um vínculo verdadeiro.

Mesmo depois do fim do projeto, com 120 cartas, algumas duplas resolveram seguir ativas na troca de mensagens, que continuam a ser escritas sem auxílio de tecnologia. Nessa nova fase de amizade, há também envio de presentes e visitas aos idosos.

As crianças do colégio também tiveram aulas e disputaram jogos com a temática da velhice. Em uma das oficinas, brincaram com super-heróis envelhecidos. Naturalmente, o idoso acaba criando um sentimento de solidão. As crianças são capazes de quebrar essa sensação.

Fonte: Folha 

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