Com as mãos atadas e
sendo acarinhada por Daniela Oliveira Zanatta, 7, Angelina Giannini, 92, se
entusiasma ao contar da experiência recente de trocar cartas e histórias de
vida com a menina. A dupla fez parte de uma iniciativa inédita idealizada pelo
curso de gerontologia da USP, que tem unido, por meio de cartas escritas à mão,
gerações diferentes para compartilhamento de aprendizado e afeto.
Durante dois meses,
19 idosos de um residencial na zona oeste de São Paulo, receberam e enviaram
correspondências alunos de 7 a 9 anos de um colégio da zona sul. Para os que
comandaram e viabilizaram o projeto, resultados positivos foram notados nas
duas pontas. O idoso tem um ganho de autoestima ao transmitir conhecimento, tem
uma oportunidade de criar uma relação nova com alguém de uma geração diferente.
A coordenadora da
escola, afirma que as crianças tanto puderam praticar um gênero textual com o
qual não tinham familiaridade como tiveram a chance de obter mais informações
sobre a velhice, suas necessidades e suas vontades.
Emoção
Alguns temas foram
previamente selecionados para a correspondência, que começava da criança para o
idoso: uma apresentação do autor e de sua família, um relato a respeito de
momentos inesquecíveis da vida e planos para o futuro.
Os alunos usaram
pseudônimos. Não estava no plano um encontro ao vivo entre os grupos, mas a
ansiedade das duplas foi tão grande que acabou acontecendo uma grande festa no lar
que residem os idosos. A ação selou as amizades à base de abraços, beijos e
lágrimas. Ninguém imaginava que as cartas seriam algo tão
relevante como se tornaram: estímulos de valorização da vida e criação de
respeito entre gerações. Foi algo inesquecível. Eles criaram um vínculo
verdadeiro.
Mesmo depois do fim
do projeto, com 120 cartas, algumas duplas resolveram seguir ativas na troca de
mensagens, que continuam a ser escritas sem auxílio de tecnologia. Nessa nova
fase de amizade, há também envio de presentes e visitas aos idosos.
As crianças do
colégio também tiveram aulas e disputaram jogos com a temática da velhice. Em
uma das oficinas, brincaram com super-heróis envelhecidos. Naturalmente, o
idoso acaba criando um sentimento de solidão. As crianças são capazes de
quebrar essa sensação.
Fonte: Folha
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