Dr. Rafael
Canineu esteve no programa Mais você da Rede Globo e explicou
sobre o mal de Alzheimer. Veja algumas
dúvidas comuns ao redor da doença.
O Mal de Alzheimer é
hereditário? Passa de pai para filho, ou de avô para neto pulando uma geração?
Dr. Rafael: Não existe esse
componente de pular geração. No aparecimento precoce, que é antes dos 60 anos,
e quanto mais jovem o aparecimento, esse fator genético é mais evidente. No
aparecimento esporádico, que acontece em 95% dos casos, que vem depois dos 60
ou 65 anos, não tem esse componente genético. Nada estabelecido em relação a
isso. Não é uma doença exclusiva de idosos. Quanto mais precoce (antes dos 60
anos), o Alzheimer é mais agressivo ao organismo, com evolução mais rápida.
Nesses casos, existem uma genética mais evidente (irmãos com a mesma doença,
por exemplo).
O que uma pessoa com
Alzheimer não pode fazer? Existe uma restrição?
Dr.: Na verdade, devemos saber em qual fase da doença o
paciente está para prever as limitações que ele possa a vir ter. Numa fase
inicial, tem pessoas que dirigem, saem sozinhas, mas a partir do momento em que
se percebe situações de riscos, o paciente vai precisar de supervisão. Nunca
tirar abruptamente a tarefa ou a rotina dele. Por exemplo, "é melhor
eu cuidar da sua senha, pai, fica mais fácil que o senhor não precisa ir ao
banco". Não existe uma contra-indicação formal, "não pode isso".
Cada caso vai ser interpretado de forma individual. A limitação de um pode não
ser a limitação de outro.
Tem
como prever as situações de risco, antes que elas aconteçam?
Dr.: Na prática, não é tão simples falar para o
paciente que dirige há 50 anos para ele parar de dirigir. Ele pode esconder a
chave do carro, esconder o cartão de crédito, a chave de casa. Muitas vezes, o
sinal de alerta aparece após uma situação que ocorra.
O que fazer quando a
pessoa ainda não perdeu toda a memória e não aceita a ajuda dos filhos porque
acha que está bem?
Dr.: A perda da memória é apenas uma fração do
problema. Temos que tentar achar uma forma de fazer a pessoa entender que
precisa de cuidados, porque isso frustra a família, que se sente culpada por
algo que possa acontecer. Começar com doses lentas, levar na casa do paciente
um cuidador duas ou três vezes na semana para ele se acostumar com a presença
de pessoa estranha. O que é mais comum: o(a) filho(a) levar o pai/mãe para a
casa dele, para a rotina dele, e isso assusta o idoso, porque é tudo diferente
para ele. É melhor se adaptar à rotina do idoso para não atrapalhá-lo.
Existem
tipos de Alzheimer? Perda da memória já é um diagnóstico?
Dr.: A doença é dividida em três fases: inicial,
moderada e avançada. Cada paciente evolui de uma forma, mas a inicial
geralmente é de 3 a 5 anos; a moderada de 5 a 8 anos; e a avançada não tem tempo
certo. Há pacientes que ficam 20 anos na avançada. Na inicial, começam os
lapsos de memória, em que o paciente começa a ter algum tipo de prejuízo nas
atividades. Na moderada, começam as questões de comportamento: inquietude, agitação,
incontinência. E na avançada o paciente fica acamado, pode ter feridas na
peles, o cuidado de alguém (familiar ou profissional capacitado) pode ocorrer
desde a fase inicial.
Durante a infância ou
adolescência, pode ser diagnosticada uma pré-disposição para o Alzheimer?
Dr.: Não,
dificilmente. Não é tão precoce assim. Ainda não se usa esses marcadores
clínicos. E será que vale a pena você saber que tem 50% de chance de ter uma
doença que não tem cura? Começar a cuidar da velhice desde cedo, de como você
vai envelhecer, pode ser feito desde sempre, com 20, 25, 30 anos. Mas as
primeiras atuações vão em cima dos fatores de risco de doenças do coração e
cerebrais, que são os mesmos do Alzheimer (tabaco, sedentarismo, hipertensão,
diabetes, inatividade física, colesterol alto). Precavendo tudo isso, vai te
proteger lá na frente.
Por que alguns
pacientes se tornam agressivos? Qual a melhor maneira
de lidar com alguém que tenha Alzheimer?
Dr.: Alteração de comportamento é uma condição que vem
associada à doença. Em determinadas fases, o paciente pode desenvolver
distúrbios de comportamento como inquietação e agitação. Isso faz parte da
doença, mas alguns pacientes não chegam a apresentar agressividade. A
agressividade, muitas vezes, vem de situações que acontecem ao redor do
paciente. É preciso evitar situações de estresse, mudar o foco daquilo que
causou a agitação e deixar o ambiente tranquilo. Devemos antever situações que
possam ser gatilhos para situações de estresse.
Fazer exercícios e
estimular a mente pode reduzir a chance de se ter Alzheimer? Como retardar ou
evitar a doença?
Dr.: Sempre. Os mesmos fatores de risco para doenças
o coração são os mesmos para o Alzheimer. Atividade física melhora a qualidade
de vida, as funções cerebrais. Dieta balanceada, bom consumo e reposição de
vitaminas, são cuidados básicos e fundamentais que o ser humano deve ter desde
cedo, permanentemente, para prevenir essa e qualquer doença.
Fonte: G show
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