quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Alzheimer é hereditário?

Médico geriatra responde a essa e outras dúvidas

Dr. Rafael Canineu esteve no programa Mais você da Rede Globo e explicou sobre o mal de Alzheimer. Veja algumas dúvidas comuns ao redor da doença.


O Mal de Alzheimer é hereditário? Passa de pai para filho, ou de avô para neto pulando uma geração?
Dr. Rafael: Não existe esse componente de pular geração. No aparecimento precoce, que é antes dos 60 anos, e quanto mais jovem o aparecimento, esse fator genético é mais evidente. No aparecimento esporádico, que acontece em 95% dos casos, que vem depois dos 60 ou 65 anos, não tem esse componente genético. Nada estabelecido em relação a isso. Não é uma doença exclusiva de idosos. Quanto mais precoce (antes dos 60 anos), o Alzheimer é mais agressivo ao organismo, com evolução mais rápida. Nesses casos, existem uma genética mais evidente (irmãos com a mesma doença, por exemplo).

O que uma pessoa com Alzheimer não pode fazer? Existe uma restrição?
Dr.: Na verdade, devemos saber em qual fase da doença o paciente está para prever as limitações que ele possa a vir ter. Numa fase inicial, tem pessoas que dirigem, saem sozinhas, mas a partir do momento em que se percebe situações de riscos, o paciente vai precisar de supervisão. Nunca tirar abruptamente a tarefa ou a rotina dele. Por exemplo,  "é melhor eu cuidar da sua senha, pai, fica mais fácil que o senhor não precisa ir ao banco". Não existe uma contra-indicação formal, "não pode isso". Cada caso vai ser interpretado de forma individual. A limitação de um pode não ser a limitação de outro.

Tem como prever as situações de risco, antes que elas aconteçam?
Dr.: Na prática, não é tão simples falar para o paciente que dirige há 50 anos para ele parar de dirigir. Ele pode esconder a chave do carro, esconder o cartão de crédito, a chave de casa. Muitas vezes, o sinal de alerta aparece após uma situação que ocorra.

O que fazer quando a pessoa ainda não perdeu toda a memória e não aceita a ajuda dos filhos porque acha que está bem?
Dr.: A perda da memória é apenas uma fração do problema. Temos que tentar achar uma forma de fazer a pessoa entender que precisa de cuidados, porque isso frustra a família, que se sente culpada por algo que possa acontecer. Começar com doses lentas, levar na casa do paciente um cuidador duas ou três vezes na semana para ele se acostumar com a presença de pessoa estranha. O que é mais comum: o(a) filho(a) levar o pai/mãe para a casa dele, para a rotina dele, e isso assusta o idoso, porque é tudo diferente para ele. É melhor se adaptar à rotina do idoso para não atrapalhá-lo.

Existem tipos de Alzheimer? Perda da memória já é um diagnóstico?
Dr.: A doença é dividida em três fases: inicial, moderada e avançada. Cada paciente evolui de uma forma, mas a inicial geralmente é de 3 a 5 anos; a moderada de 5 a 8 anos; e a avançada não tem tempo certo. Há pacientes que ficam 20 anos na avançada. Na inicial, começam os lapsos de memória, em que o paciente começa a ter algum tipo de prejuízo nas atividades. Na moderada, começam as questões de comportamento: inquietude, agitação, incontinência. E na avançada o paciente fica acamado, pode ter feridas na peles, o cuidado de alguém (familiar ou profissional capacitado) pode ocorrer desde a fase inicial.

Durante a infância ou adolescência, pode ser diagnosticada uma pré-disposição para o Alzheimer?
Dr.: Não, dificilmente. Não é tão precoce assim. Ainda não se usa esses marcadores clínicos. E será que vale a pena você saber que tem 50% de chance de ter uma doença que não tem cura? Começar a cuidar da velhice desde cedo, de como você vai envelhecer, pode ser feito desde sempre, com 20, 25, 30 anos. Mas as primeiras atuações vão em cima dos fatores de risco de doenças do coração e cerebrais, que são os mesmos do Alzheimer (tabaco, sedentarismo, hipertensão, diabetes, inatividade física, colesterol alto). Precavendo tudo isso, vai te proteger lá na frente.

Por que alguns pacientes se tornam agressivos? Qual a melhor maneira de lidar com alguém que tenha Alzheimer?
Dr.: Alteração de comportamento é uma condição que vem associada à doença. Em determinadas fases, o paciente pode desenvolver distúrbios de comportamento como inquietação e agitação. Isso faz parte da doença, mas alguns pacientes não chegam a apresentar agressividade. A agressividade, muitas vezes, vem de situações que acontecem ao redor do paciente. É preciso evitar situações de estresse, mudar o foco daquilo que causou a agitação e deixar o ambiente tranquilo. Devemos antever situações que possam ser gatilhos para situações de estresse.

Fazer exercícios e estimular a mente pode reduzir a chance de se ter Alzheimer? Como retardar ou evitar a doença?

Dr.: Sempre. Os mesmos fatores de risco para doenças o coração são os mesmos para o Alzheimer. Atividade física melhora a qualidade de vida, as funções cerebrais. Dieta balanceada, bom consumo e reposição de vitaminas, são cuidados básicos e fundamentais que o ser humano deve ter desde cedo, permanentemente, para prevenir essa e qualquer doença. 

Fonte: G show

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