Ainda
que o IBGE e a Organização Mundial da Saúde considerem idoso quem tem 60 anos
ou mais, quem chegou nessa fase não se encara como parte da terceira idade
A cada ano, cerca de 650 mil
brasileiros chegam aos 60 anos. Para a Organização Mundial da Saúde, é aí que
começa a terceira idade, quando, oficialmente, eles podem ser chamados de
idosos. Na prática, a palavra gera desconforto.
Conhecidos como baby boomers
(nascidos entre 1945 e 1960), os sessentões de hoje estão longe da ideia de
aposentados que encaram a fase como o fim das atividades úteis. Alguns se
preparam para encerrar o ciclo do trabalho formal, mas descansar não é um plano
viável: para eles, chegar aos 60 significa abandonar a idade cronológica e
aproveitar o momento para realizar sonhos que tinham ficado para trás. É
chegada a hora de conquistar a vida que queriam ter. E o que define a vida dos
sessentões são liberdade e autonomia: 65% das mulheres nessa faixa etária vivem
sozinhas – eles são apenas 31% –, e 71% dos idosos brasileiros têm
independência financeira.
– Há alguns anos, pensar na
velhice era algo que acontecia só dentro das famílias, era algo privado. Hoje,
há uma atenção cada vez maior para a qualidade do envelhecimento. Finalmente, o
idoso é considerado um ator político, um importante consumidor com espaço maior
na sociedade – afirma Guita Grin Debert, professora de antropologia na
Universidade Estadual de Campinas.
Hoje, há 23 milhões de pessoas com
mais de 60 anos no Brasil. Esse número é 50% maior do que na década passada.
Proporcionalmente, as regiões Sul e Sudeste concentram a maior parte dessa
população. De acordo com o último Censo, das 20 cidades com maior proporção de
pessoas com mais de 60 anos, 18 são gaúchas.
Os 60 são os novos 40. A OMS encara
esse grupo como idosos e isso têm suas vantagens e desvantagens. É bom porque
garante direitos a um público que não era muito assistido. Ao mesmo tempo, é
ruim porque eles enfrentam preconceito. São vistos como velhos, mas estão mais
preocupados com a saúde, mudaram o estilo de vida porque querem viver mais e
ainda têm pique para continuar trabalhando. Segundo o IBGE, 27% dos idosos
brasileiros continuam trabalhando _ e isso inclui os setentões e os longevos
(pessoas com mais de 80 anos). A "cronologização" da vida mudou. A
idade é um sistema que padroniza a hora de iniciar a escola e de se aposentar,
por exemplo, mas que hoje exige flexibilização.
A aposentadoria não é o fim da vida
útil, apenas significa que vão sobrar mais tempo, depois de tantos anos de produção
intensa, para aproveitar outras experiências. Antigamente, a idade tinha
conotação de perda, de declínio. Hoje, são os ganhos que têm destaque na vida
das pessoas mais velhas.
Fonte: ZH Clicrbs
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