segunda-feira, 16 de maio de 2016

Projeto oferece abrigo a estudantes em troca da oferta de companhia a idosos


Na casa de repouso Humanitas, em Deventer, na Holanda, é comum observar longos e gostosos bate-papos entre jovens e idosos. As conversas parecem acontecer entre netos e avós que se gostam muito. Todos moram juntos, só que não há vínculo sanguíneo entre eles.

Essa interação entre gerações, que coloca sob o mesmo teto 160 idosos e seis universitários faz parte de um projeto inovador, que começou há dois anos, quando o estudante Onno Selbach entrou em contato com a gerente da casa de repouso, Gea Sijpkes. Ele reclamava do excesso de barulho, das condições precárias da universidade onde morava – com alojamentos caros e pequenos – e sugeria um intercâmbio.

Lá, os estudantes das universidades Saxion e Windesheim não precisam pagar aluguel, desde que passem ao menos 30 horas por mês como “bons companheiros” dos idosos. O objetivo é reduzir a solidão dos mais velhos e acabar com a imagem negativa que muitos têm sobre o processo de envelhecimento.

Os estudantes participam de diversas atividades com os moradores. Preparam refeições, fazem compras, comemoram aniversários, assistem TV e fazem companhia quando alguém adoece. Também planejam atividades de acordo com os interesses de cada um.

Quando um grupo de idosos demonstrou interesse por grafites, por exemplo, os alunos o levaram para as ruas, munidos de spray e pedaços de papelão para ensiná-los sobre essa forma de arte. Já o morador Anton Groot Koerkamp, de 85 anos, se interessou por aulas de informática. Jurrien Johanna, seu vizinho de 22 anos, se prontificou a ajudá-lo. Hoje, Anton já sabe navegar na internet, envia e-mails e tem perfil no Facebook.

São relações como a de Anton e Jurrien que rompem o isolamento social e a solidão, responsáveis pelo aumento dos casos de depressão na terceira idade. A conexão entre gerações cria interações sociais benéficas para todos os residentes: os idosos desfrutam – e muito – da presença dos jovens, mas os estudantes também aprendem.

Os estudantes podem entrar e sair quando necessário, desde que não incomodem os mais velhos. Os interessados passam por processo de seleção criterioso antes de se mudar para lá. Na avaliação, são levadas em conta a origem do estudante e suas motivações para o trabalho no local.

O projeto criativo da Humanitas já ultrapassou as fronteiras holandesas. Intercâmbios de gerações têm surgido na França, Reino Unido e Estados Unidos, só que de formas diferentes.

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