É mais provável que você passe sua velhice morando
sozinho, com amigos ou numa instituição do que na casa dos filhos, como era
comum em outras gerações. Convívio social e atividades recreativas são
alguns dos atrativos dos residenciais para idosos.
Especialistas em envelhecimento dizem que os arranjos do
passado – nos quais os idosos costumavam se mudar para casa dos filhos quando
começavam a precisar de auxílio –, tendem a se tornar menos comuns, despertando
um mercado de oportunidades para instituições de longa permanência e repúblicas
da terceira idade.
"Hoje, a maior parte dos idosos brasileiros vive em
suas próprias casas. Os que precisam de ajuda ainda têm os filhos como primeira
opção, mas essa é uma solução complicada, já que tanto as casas quanto as
famílias diminuíram", diz Marília Viana Berzins, assistente social do
Observatório da Longevidade Humana e do Envelhecimento.
Em seu livro "70Candles! Women Thriving in Their 8th
Decade" (‘Setenta velas: mulheres florescendo em sua oitava década’, em
tradução literal) as pesquisadoras Jane Giddan e Ellen Cole aconselham que,
depois de uma "certa idade", tracemos planos de permanência ou de
fuga do ninho, de acordo com as nossas condições e vontades pessoais. Cabe dizer que nem as pesquisadoras arriscam
um palpite quanto à idade ideal para tal mudança.
"Nos EUA, quase 90% das pessoas com mais de 65 anos
planeja envelhecer em sua própria casa, mas poucas tomam medidas para isso,
como rever a acessibilidade dos cômodos e pensar no que pode ser feito para
tornar o ambiente seguro", diz Giddan, que é professora de psiquiatria da
Universidade de Toledo.
Para ela, um pouco de planejamento pode prolongar a
independência e permitir que as pessoas tomem as rédeas do próprio
envelhecimento. Ela lista desde reformas e mudanças de bairro até um arsenal
tecnológico de aplicativos de celular que compartilham a localização com
familiares em tempo real e câmeras de monitoramento doméstico.
"Conheço grupos de pessoas mais velhas que moram
próximas e dividem um cuidador, conheço amigos que compraram um terreno para
construir casas e serem todos vizinhos.", diz Giddan.
Idosos que não moram sozinhos ou com seus companheiros
costumam viver com parentes, sobretudo com filhas mulheres, afirma Berzins.
Segundo levantamento feito em 2009, apenas 1% dos idosos brasileiros vive em
instituições de longa permanência (ILPIs, termo corrente para asilos e casas de
repouso). A maioria (65,2%) dessas casas é filantrópica. As públicas somam
apenas 6,6%, com predominância de instituições municipais.
Mas, esse mesmo estudo, feito pelas pesquisadoras do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Ana Amélia Camarano e Solange
Kanso, aponta tendência de crescimento das instituições privadas com fins
lucrativos: elas somam 57,8% das instituições criadas a partir de 2000.
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FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO
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