quarta-feira, 11 de maio de 2016

A tendência em moradia para idosos cada vez mais independentes


É mais provável que você passe sua velhice morando sozinho, com amigos ou numa instituição do que na casa dos filhos, como era comum em outras gerações. Convívio social e atividades recreativas são alguns dos atrativos dos residenciais para idosos.


Especialistas em envelhecimento dizem que os arranjos do passado – nos quais os idosos costumavam se mudar para casa dos filhos quando começavam a precisar de auxílio –, tendem a se tornar menos comuns, despertando um mercado de oportunidades para instituições de longa permanência e repúblicas da terceira idade.

"Hoje, a maior parte dos idosos brasileiros vive em suas próprias casas. Os que precisam de ajuda ainda têm os filhos como primeira opção, mas essa é uma solução complicada, já que tanto as casas quanto as famílias diminuíram", diz Marília Viana Berzins, assistente social do Observatório da Longevidade Humana e do Envelhecimento.

Em seu livro "70Candles! Women Thriving in Their 8th Decade" (‘Setenta velas: mulheres florescendo em sua oitava década’, em tradução literal) as pesquisadoras Jane Giddan e Ellen Cole aconselham que, depois de uma "certa idade", tracemos planos de permanência ou de fuga do ninho, de acordo com as nossas condições e vontades pessoais. Cabe dizer que nem as pesquisadoras arriscam um palpite quanto à idade ideal para tal mudança.

"Nos EUA, quase 90% das pessoas com mais de 65 anos planeja envelhecer em sua própria casa, mas poucas tomam medidas para isso, como rever a acessibilidade dos cômodos e pensar no que pode ser feito para tornar o ambiente seguro", diz Giddan, que é professora de psiquiatria da Universidade de Toledo.

Para ela, um pouco de planejamento pode prolongar a independência e permitir que as pessoas tomem as rédeas do próprio envelhecimento. Ela lista desde reformas e mudanças de bairro até um arsenal tecnológico de aplicativos de celular que compartilham a localização com familiares em tempo real e câmeras de monitoramento doméstico.
"Conheço grupos de pessoas mais velhas que moram próximas e dividem um cuidador, conheço amigos que compraram um terreno para construir casas e serem todos vizinhos.", diz Giddan.
Idosos que não moram sozinhos ou com seus companheiros costumam viver com parentes, sobretudo com filhas mulheres, afirma Berzins. Segundo levantamento feito em 2009, apenas 1% dos idosos brasileiros vive em instituições de longa permanência (ILPIs, termo corrente para asilos e casas de repouso). A maioria (65,2%) dessas casas é filantrópica. As públicas somam apenas 6,6%, com predominância de instituições municipais.


Mas, esse mesmo estudo, feito pelas pesquisadoras do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Ana Amélia Camarano e Solange Kanso, aponta tendência de crescimento das instituições privadas com fins lucrativos: elas somam 57,8% das instituições criadas a partir de 2000. 
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