sexta-feira, 18 de março de 2016

Quase três milhões de idosos moram sozinhos no Brasil, segundo dados do IBGE


Com mais condições financeiras e físicas, as pessoas acima dos 60 anos estão cada vez menos dispostas a abrir mão da liberdade e da independência, mas o isolamento social – tão prejudicial quanto as doenças crônicas – torna-se um grande desafio neste cenário

“O isolamento social não é saudável em qualquer fase da vida, porém, na velhice pode ser ainda pior. Idosos, em geral, convivem com maior quantidade de perdas de pessoas, principalmente amigos e cônjuge. Desta forma, se não procuram novas alternativas de socialização, tendem a ficar solitários, muitas vezes com a sensação de abandono”, explica Carlos Lima, psicólogo e vice-presidente da ONG Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE), que oferece, em parceria com Danone Nutrição Especializada, um curso de capacitação de cuidadores.

Segundo o especialista, o isolamento é uma questão tão importante que o conceito de Envelhecimento Ativo, da OMS (Organização Mundial da Saúde), inclui a participação social e cultural, e não apenas a atividade física, como parâmetro de saúde na velhice, “a solidão pode levar à dificuldade em identificar condições desfavoráveis de saúde e o aparecimento precoce de algumas doenças, e também à depressão”, acrescenta ele.

Carlos avalia que as iniciativas públicas no Brasil ainda são ineficientes para contemplar a necessidade de integração das pessoas com mais de 60 anos. “O governo precisa abrir os olhos para essa realidade e cumprir o seu papel, definido no Estatuto do Idoso. Isso significa ampliar e qualificar a rede de Centros de Convivência para idosos, implantar serviços domiciliar que priorizem o atendimento a idosos que vivem sozinhos, ou com famílias que apresentam dificuldades em cuidar, a exemplo do Programa Acompanhante de Idosos – PAI – da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Muitos idosos, mesmo aqueles em situação de dependência moderada, com o auxílio de um cuidador, podem participar de atividades fora de casa que favoreçam a inclusão e participação social”.

Para o especialista, a internet, que já tem um papel significativo nesse processo de integração, pode ser melhor aproveitada até mesmo pelo governo como uma grande aliada no combate ao isolamento social dos idosos, “é cada vez maior a quantidade de idosos que se apropriam das redes sociais para manter contatos com pessoas, realizar pesquisas e buscar informação. Porém, ainda há muita limitação na acessibilidade das pessoas idosas ao mundo virtual. É preciso incentivar o uso dessas ferramentas, adequando e respeitando o ritmo de aprendizagem, lançando mão de temas que despertem o interesse individual. O cuidador de idosos, se bem orientado, pode ser um facilitador para essa atividade”, reforça o vice-presidente da ONG OLHE.

Morar sozinho não significa viver na solidão.

Muitos idosos que não dividem suas casas com outras pessoas são extremamente ativos e integrados a grupos. “É totalmente possível que se viva a velhice sozinho, mas tendo contato com amigos, família e participando de atividades externas como grupos de convivência, espaços religiosos e outros tipos de contatos sociais, fora do domicílio”, explica Carlos, que aponta as mulheres como campeãs de participação nestes grupos, “os idosos buscam cada vez mais essas opções de convivência, sendo a grande maioria composta por mulheres. Os homens, tradicionalmente acostumados ao contato social apenas pelo trabalho, apresentam mais dificuldades em manter esses contatos na velhice, após a aposentadoria”.

-

FONTE: PORTAL PLENA

Nenhum comentário:

Postar um comentário