Com mais condições
financeiras e físicas, as pessoas acima dos 60 anos estão cada vez menos
dispostas a abrir mão da liberdade e da independência, mas o isolamento social
– tão prejudicial quanto as doenças crônicas – torna-se um grande desafio neste
cenário
“O isolamento social não é saudável em qualquer fase da
vida, porém, na velhice pode ser ainda pior. Idosos, em geral, convivem com
maior quantidade de perdas de pessoas, principalmente amigos e cônjuge. Desta
forma, se não procuram novas alternativas de socialização, tendem a ficar
solitários, muitas vezes com a sensação de abandono”, explica Carlos Lima,
psicólogo e vice-presidente da ONG Observatório da Longevidade Humana e
Envelhecimento (OLHE), que oferece, em parceria com Danone Nutrição
Especializada, um curso de capacitação de cuidadores.
Segundo o especialista, o isolamento é uma questão tão
importante que o conceito de Envelhecimento Ativo, da OMS (Organização Mundial
da Saúde), inclui a participação social e cultural, e não apenas a atividade
física, como parâmetro de saúde na velhice, “a solidão pode levar à dificuldade
em identificar condições desfavoráveis de saúde e o aparecimento precoce de
algumas doenças, e também à depressão”, acrescenta ele.
Carlos avalia que as iniciativas públicas no Brasil ainda
são ineficientes para contemplar a necessidade de integração das pessoas com
mais de 60 anos. “O governo precisa abrir os olhos para essa realidade e
cumprir o seu papel, definido no Estatuto do Idoso. Isso significa ampliar e
qualificar a rede de Centros de Convivência para idosos, implantar serviços
domiciliar que priorizem o atendimento a idosos que vivem sozinhos, ou com
famílias que apresentam dificuldades em cuidar, a exemplo do Programa
Acompanhante de Idosos – PAI – da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Muitos idosos, mesmo aqueles em situação de dependência moderada, com o auxílio
de um cuidador, podem participar de atividades fora de casa que favoreçam a
inclusão e participação social”.
Para o especialista, a internet, que já tem um papel
significativo nesse processo de integração, pode ser melhor aproveitada até
mesmo pelo governo como uma grande aliada no combate ao isolamento social dos
idosos, “é cada vez maior a quantidade de idosos que se apropriam das redes
sociais para manter contatos com pessoas, realizar pesquisas e buscar
informação. Porém, ainda há muita limitação na acessibilidade das pessoas
idosas ao mundo virtual. É preciso incentivar o uso dessas ferramentas,
adequando e respeitando o ritmo de aprendizagem, lançando mão de temas que
despertem o interesse individual. O cuidador de idosos, se bem orientado, pode
ser um facilitador para essa atividade”, reforça o vice-presidente da ONG OLHE.
Morar sozinho não
significa viver na solidão.
Muitos idosos que não dividem suas casas com outras pessoas
são extremamente ativos e integrados a grupos. “É totalmente possível que se
viva a velhice sozinho, mas tendo contato com amigos, família e participando de
atividades externas como grupos de convivência, espaços religiosos e outros
tipos de contatos sociais, fora do domicílio”, explica Carlos, que aponta as
mulheres como campeãs de participação nestes grupos, “os idosos buscam cada vez
mais essas opções de convivência, sendo a grande maioria composta por mulheres.
Os homens, tradicionalmente acostumados ao contato social apenas pelo trabalho,
apresentam mais dificuldades em manter esses contatos na velhice, após a
aposentadoria”.
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FONTE: PORTAL PLENA
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