terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Cuidados com o idoso no verão


Os idosos são mais suscetíveis a problemas decorrentes das altas temperaturas do verão, como as desidratações, quedas bruscas de pressão, indisposições alimentares e infecções respiratórias. Isso porque vários mecanismos de controle naturais do organismo se tornam menos eficientes com o envelhecimento, exigindo cuidados especiais com a saúde nessa época do ano.

A desidratação ocorre quando a eliminação de água do corpo é maior que a sua ingestão, levando à perda excessiva do líquido no organismo. O distúrbio é mais comum nos idosos e pode passar despercebido, agravando quadro de prisão de ventre e de cálculo renal em pessoas predispostas. Quando agravada, pode provocar queda de pressão arterial, tontura, perda da consciência, confusão mental, além de lesões em órgãos internos como rins, fígado e cérebro. 

Os idosos são um grupo com maior risco de desidratação por diversos fatores, que vão desde uma menor sensibilidade no mecanismo central da sede (isto é, o idoso sente menos sede que um jovem e, por isso, bebe menos líquido normalmente) à diminuição da função renal (menor capacidade de concentrar a urina e reter a quantidade de líquido necessário para o organismo). Assim, é muito importante oferecer água a idoso, ainda que ele não se queixe de sede e também controlar (anotar) a quantidade de líquido ingerido. Mesmo a sensação de frescor do vento pode ‘enganar’ o dispositivo responsável pela sensação de sede organismo, mesmo quando estamos num local muito quente.

A necessidade diária de água é de 30 ml para cada quilo de peso: a recomendação média é do consumo de líquido de, no mínimo, um litro e meio por dia (um volume de, aproximadamente, oito copos).  Por isso, ofereça sucos, chás, água de coco ou isotônicos, sempre considerando as orientações dadas pelo médico ou nutricionista.
Cabe alertar que a cerveja não hidrata e que o álcool, inclusive, interfere com o hormônio antidiurético, fazendo com que a pessoa perca até duas vezes mais a água através da urina. Dica: sempre observe a cor da urina; quando bem clara, é um sinal de que a hidratação está adequada.

Além da ingestão adequada de líquidos, deve-se ter atenção a outras situações que causam a eliminação de líquido, como transpiração excessiva, vômitos, diarreia ou uso de diuréticos.

A transpiração excessiva pode ser reduzida mantendo uma boa ventilação (ambiente arejado), vestuário adequado (roupas leves) e evitar a realização de atividades físicas em horários de calor mais intenso, principalmente entre 10h e 15h.
Episódios de diarreia e vômitos tendem a ocorrer com maior frequência nos meses mais quentes do ano, período em que os alimentos estão mais sujeitos à contaminação por bactérias e estragam mais facilmente. É importante sempre lavar as mãos antes de manusear alimentos e guardar todos os que forem perecíveis na geladeira. Deve-se evitar guardar comida de um dia para o outro, principalmente quando expostas por muito tempo em dias quentes.

O uso de qualquer medicamento deve ser feito sob a prescrição e supervisão médicas. O acompanhamento é importante porque, em alguns casos, adaptações são necessárias. A preocupação é maior em relação aos diuréticos (que podem agravar o quadro de desidratação, ao promover perda líquida excessiva), aos anti-inflamatórios (que, em caso de desidratação grave, podem agravar quadros de insuficiência renal) e em relação aos medicamentos vasodilatadores para hipertensão (pelo risco de queda brusca de pressão).
Quedas de pressão no verão ocorrem porque as altas temperaturas provocam dilatação dos vasos sanguíneos, visando a melhorar a transferência de calor: o sangue vai mais para a “periferia” do corpo, ajudando no resfriamento, e isso pode resultar na queda da pressão.

As infecções respiratórias nessa época do ano ocorrem por oscilações bruscas de temperatura, especialmente para aqueles que alternam o ambiente aberto com refrigerados. Por isso, apesar do ar-condicionado ser considerado indispensável para os dias de altas temperaturas, pode oferecer perigo à saúde.  É indispensável que a manutenção do aparelho, sobretudo a troca de filtros, seja feita periodicamente. Se possível, opte por janelas abertas ou circuladores de ar eficientes.

Todos esses cuidados são muitos importantes para que os idosos aproveitem o verão com saúde e conforto.

FONTE: GERIAVIDA

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Você conhece Nora Ronai?


Jovem aos 91 anos, ela mostra que vitalidade não é apenas uma questão de idade. Campeã de natação, sobrevivente do nazismo e de um câncer, ela desafia os limites do seu corpo.
A vida ensinou Nora Tausz  Rónai a vencer provas e desafiar os limites do corpo. Hoje, aos 90 anos, ela é atleta e viaja o mundo, participando de campeonatos de natação. Praticou salto em plataforma, fez slalom na neve e não hesitou em pular de paraquedas quando completou 80 anos. Mas, há 73 anos, o que estava em disputa era sua sobrevivência.

Em maio de 1941, com os pais e o irmão, Giorgio, ela desembarcou no Rio de Janeiro após uma atribulada viagem para escapar do nazismo. Professora aposentada de arquitetura, Nora narra seu caminho em Memórias de um Lugar Chamado Onde (Ed. Casa da Palavra). A história da família Tausz virou livro quase por acaso. “Minha neta precisava fazer um trabalho para a escola, contando a história de uma avó ou um avô. Com três ou quatro páginas que escrevi, ela já ficou satisfeita e recebeu nota 10”, revela Nora, que tem quatro netos e seis bisnetos.

Tempos de guerra
Muito do que a família Tausz viveu na Itália é dramático, o que Nora conta sem amargura. O regime fascista de Mussolini impunha leis raciais. Uma delas atingiu em cheio a pequena Nora. Toda criança judia era proibida de frequentar a escola “para não contaminar os meninos arianos”. Foi um dos períodos mais difíceis de sua vida. Com a guerra, ela perdeu parentes. O pai e o irmão foram levados para um campo nazista, mas acabaram resgatados. Uma próxima prisão seria fatal. Chegara a hora de deixar a Itália. A solução foi recorrer ao Vaticano, que havia recebido do governo brasileiro 3 mil vistos destinados a atender católicos e judeus batizados.

Paixão pelas piscinas
No Brasil, Nora formou-se em arquitetura e se tornou professora da UFRJ. Ela sorri diante de uma pergunta sobre o assunto de que mais gosta de falar: sua performance nas piscinas. Leva a sério. Treina quatro vezes por semana, durante uma hora, e participa das competições da Federação Internacional da Natação Amadora, categoria Máster. No passado, ela bateu o recorde mundial no Torneio Mais de Natação Máster, nos 100 m borboleta, além de ser detentora de um recorde mundial no revezamento 4x100, obtido na Suécia. Ela diz que sempre foi competitiva. Antes de nadar, praticava salto de plataforma. Mas a natação é sua grande paixão, além de ser, como admite, uma maneira de superar os momentos difíceis. É o seu refúgio. Foi após a morte do marido que ela intensificou a participação em campeonatos de máster. A partir daí, viaja o mundo, disputando campeonatos oficiais. A filha, Cora, que já a acompanhou em algumas dessas etapas, descreve a emoção de ver a mãe competir: “É muito bacana ver a reação das pessoas aos tempos e à garra da mamãe. Ela é aplaudida e cumprimentada na piscina”.

Disposição é com ela mesma. Salto de paraquedas em queda livre foi algo que a fascinou tanto que, em 2004, pediu para experimentar, como presente de aniversário dos 80 anos. Embarcou em um pequeno avião, ouviu as instruções e preparou-se para saltar. “Estava no ar, como se estivesse voando. Foi muito gostoso”, recorda. Sentiu uma certa dificuldade para respirar em função da velocidade da queda antes da abertura do paraquedas, mas aprovou a experiência. “A tontura demorou um pouco a passar. Depois, minha amiga cardiologista me passou um pito. Falou que eu não deveria ter feito aquilo. Mas estava feito” – completa, rindo. Medo,  garante que não sentiu. “Como saltava de plataforma de 10 m, tinha algum treino. Além disso, quando criança, gostava de esquiar. 

Na Itália, eu fazia slalom de uma altura de 25 m. Nem era permitido a meninas, mas eu conseguia enganar os fiscais”, diz. Para conseguir toda essa energia, Nora não tem segredos. “Nunca fui de comer muito. No café da manhã, tomo suco de berinjela ou de laranja-lima, uma caneca de café com leite e como dois pãezinhos com geleia. No almoço, gosto de frutos do mar, mas também como carne ou frango. No jantar, um lanche leve, frango com salada.”

Por causa do tratamento de um câncer, ela se afastou das piscinas em 2004. “Tive câncer no seio, passei por cirurgia e terapias fortes, mas depois de cinco semanas voltei a treinar. Na época, o médico me disse que eu teria de continuar tomando medicamentos durante cinco anos. Eu achei ótimo. Pensei: Então ele está me dando mais cinco anos”, conta rindo.

FONTE: SOU MAIS EU

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Profissionais mais velhos e os novos desafios das empresas


Perto de chegar ao ápice da mão de obra qualificada formada por jovens, companhias devem se preparar para atrair e reter profissionais com mais idade e experiência.

Ao longo das próximas décadas, o Brasil acompanhará a redução das taxas de mão de obra qualificada disponível entre os mais jovens. O auge desse fenômeno deve ocorrer em 2030.

Em 2013, a maior faixa de pessoas em idade ativa preparada para o mercado de trabalho era formada por jovens entre 20 a 29 anos. Em 2040, a maior parte dessas pessoas terá entre 40 e 49 anos. E, a partir de 2060, a faixa etária de profissionais com disponibilidade subirá consideravelmente, chegando aos 59 anos de idade. A mudança do perfil da classe economicamente ativa transformará o cenário laboral por completo, e o que se observa, no momento, é que poucas empresas estão se preparando para essa realidade futura.

Muito além de dominar o mercado consumidor, os idosos do amanhã estarão aptos para ocupar postos de trabalho e ajudar no desenvolvimento da economia. Dessa maneira, as empresas devem considerar a criação de políticas de atração e retenção de talentos, além de promover a cultura de valorização da pessoa idosa.

Essa mudança na configuração social também dará maior representatividade à terceira idade. Para se adaptar, é preciso investir na capacitação dessa força de trabalho. “As empresas precisam aprender, de forma mais rápida, como elas lidarão com as novas relações de trabalho, pois isso provoca mudanças na sociedade. Hoje, sabemos que viver mais e com mais qualidade de vida está mudando os nossos conceitos, expandindo as fronteiras do que era o trabalho na velhice. Além disso, as pessoas buscam um sentido, uma ocupação que faça a diferença na vida delas”, comentou Márcia Tavares, diretora do Centro Internacional de Longevidade Brasil, durante o III Fórum Internacional da Longevidade.

Reconfiguração do mercado de trabalho
Atualmente, já há um gap entre a força de trabalho disponível e a expectativa de contratação do empregador. A baixa qualificação está impactando o mercado porque os jovens não estão recebendo educação de qualidade. Além disso, a faixa entre 50 a 59 ainda está vivendo sob a influência de uma aposentadoria precoce. “Isso é um resquício que herdamos de um tempo em que as pessoas mais velhas eram consideradas improdutivas e, portanto, convidadas a se retirar antecipadamente do mercado de trabalho, para que abrisse espaço para os mais jovens, que eram considerados produtivos”, acrescentou Márcia, autora do livro “Trabalho e Longevidade. Como o novo regime demográfico vai mudar a gestão de pessoas e a organização do trabalho”.

Enquanto os mais jovens estão despreparados e a faixa intermediária pensa na aposentadoria, as pessoas com mais idade, e que ainda se sentem aptas para permanecer ativas, não têm oferta de trabalho digno.

Além dessas questões, que provocam déficit, existe também outro problema, que já se observa nos dias de hoje: a fuga de cérebros, que é como se diz quando profissionais capacitados deixam o país em busca de oportunidades em outros mercados. Além da evasão internacional, as empresas competirão cada vez mais pela busca da escassa mão de obra qualificada.

Todo esse contexto poderá custar mais caro, por conta da lei da oferta e da procura. “Quanto mais difícil ter acesso a profissionais qualificados, mais caro custará, o que, em grande escala, impactará as empresas financeiramente. Em meio a esse cenário, as companhias terão que continuar inovando, pois elas precisam criar produtos e serviços novos para uma população de pessoas idosas. Não apenas no papel de consumidoras, mas também como trabalhadoras. Além disso, nunca antes na história tantas gerações trabalharam juntas. O que faz com que a gestão de pessoas ganhe uma complexidade maior”, reforçou Márcia Tavares.

Experiências de fora
Diante desse novo cenário, o governo, por meio de políticas públicas e leis de incentivo, e as empresas devem estar preparados para manter pessoas mais velhas colaborando por muito mais tempo. O que se observa, no entanto, é que as empresas ainda resistem à ideia de que os idosos são uma alternativa para superar a escassez de profissionais qualificados no mercado.

Um pesquisa da PwC, de 2013, mostrou que apenas 37% de 108 empresas reconhecem que as pessoas mais velhas podem   contribuir como parte de um mecanismo para reduzir este déficit de profissionais. No entanto, apenas 12% contam com práticas direcionadas para atrair ou reter essa mão de obra. “Mas para todo problema há uma oportunidade. Na Austrália, por exemplo, foi feito um estudo, em 2012, que mostrou que, se houvesse o incremento de 3% na participação de pessoas com 55 anos ou mais na força de trabalho, haveria um ganho de 33 bilhões de dólares no produto interno bruto daquele país. Se o índice fosse 5%, o valor subiria para 48 bilhões de dólares”, exemplificou Márcia.

Como os países desenvolvidos começaram a envelhecer antes do Brasil, é possível se inspirar  na experiência de outros mercados para uma nova realidade brasileira. “Eles já conseguiram mapear demandas que a gente ainda não tem e já estão testando algumas soluções. Os erros e os acertos deles servirão de lições aprendidas para todos. Como essas nações já sabem que terão esse déficit acentuado, e não têm políticas internas que resolvam isso por completo, eles buscarão em outros lugares. Como o Canadá, por exemplo, que faz ações de incentivos para atrair imigrantes com qualificação profissional”, pontuou.


Além de se preparar para contar com colaboradores mais velhos, o aumento da expectativa de vida também traz transformações na vida dos jovens profissionais que precisarão de suporte para cuidar de pais idosos. Como hoje em dia as pessoas recebem benefícios e auxílio para cuidarem dos filhos, elas precisarão de apoio para cuidar dos familiares. “Muitos envelhecerão saudáveis e outros podem desenvolver doenças crônicas, e viverão com ela por muitos anos, o que demandará cuidados especiais. O desafio para as empresas será estar ao lado deste colaborador nesse período delicado da vida, pois é improvável que ele se mantenha criativo, produtivo, engajado, focado nas metas, trabalhando 44 horas por semana, mesmo sabendo que o pai ou a mãe está internado no hospital ou em casa com câncer”, alertou Márcia Tavares.