A longevidade
já é uma realidade. Mas o que se pode fazer para envelhecer com saúde? O
especialista em antienvelhecimento Bernd Kleine-Gung fala sobre vinho tinto,
boas companhias e trabalho ao ar livre.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a expectativa média de vida hoje é de 71 anos, levando em conta a
média global e ambos os sexos – em 1990, ela era de apenas 64 anos. No Brasil,
esse índice melhora: os brasileiros vivem, em média, 75 anos.
Em entrevista à TV Deutsche Welle, o
ginecologista Bernd Kleine-Gunk, presidente da Sociedade Alemã de Prevenção e
Medicina Antienvelhecimento (GSAAM, na sigla em alemão), enumera os diversos
fatores favoráveis para a longevidade. Mas garante que não há uma fórmula
secreta de rejuvenescimento: "Existem, porém, muito bons conselhos."
DW: Por que as pessoas
estão vivendo mais – pelo menos no Ocidente?
Bernd
Kleine-Gunk: Existem diversos fatores. Os
cuidados médicos, por exemplo, estão em constante progresso. Mas sabemos que
isso não é o mais importante. O fator decisivo é que hoje temos melhores
condições de vida, como melhores hábitos de higiene e alimentação. Esses
aspectos influenciam mais na expectativa de vida da população do que a medicina
propriamente dita.
DW: O que podemos
aprender com as chamadas "zonas azuis", onde as pessoas vivem mais do
que a média mundial?
BKG: Não existe um denominador comum a todas elas. Em cada
região, a população leva um estilo de vida diferente. Na Sardenha, por exemplo,
eles afirmam que o vinho tinto é o segredo de sua longevidade. Já na ilha
japonesa de Okinawa, o segredo seria a alimentação à base de algas. Existem, no
entanto, alguns fatores comuns: ninguém que chegou aos 100 anos, em qualquer uma
dessas regiões, estava acima do peso. Pelo contrário, eles são adeptos da restrição
calórica há décadas, como recomendam os especialistas em rejuvenescimento. Mas
não como medida dietética consciente, e sim porque não tiveram alimento
suficiente por muitos anos.
Além disso, a base de sua dieta são
frutas e verduras. Muitos deles são agricultores e continuam trabalhando
enquanto a idade – e o físico – permite. Por isso, passam muito tempo
respirando ar fresco e adquirindo bons níveis de vitamina D. E, por último, o
mais importante: eles estão bem arraigados em suas famílias e comunidades. Esse
sentimento de "Eu sou útil e tenho um papel a desempenhar na vida" é
crucial e lhes dá forças para que continuem vivendo.
DW: Qual é a
importância da atitude pessoal para se viver mais?
BKG: Gente otimista e afetuosa tem mais amigos durante a velhice.
Quem é amável também é digno de ser amado. É bom se sentar junto com essas
pessoas – com os rabugentos, nem tanto assim. Descobrimos que essa é também uma
fantástica profilaxia da demência. O cérebro é um órgão social: precisamos do
intercâmbio com os outros. E ele é muito mais fácil com os que têm uma
estrutura básica amigável do que com os que vivem como lobos solitários.
DW: Existe alguma
fórmula para permanecer jovem por mais tempo?
BKG: Uma fórmula única, seguramente não. Mas existem
conselhos muito bons. Um deles é: não deixe de fazer as coisas de que gosta.
Nenhum artista deixa de pintar aos 65 anos, ou de escrever, ou de tocar música.
Outro conselho: evite tudo aquilo que faz envelhecer e morrer prematuramente,
sobretudo fumar. Mais uma dica: cuide de seu peso, siga uma dieta equilibrada.
E nunca perca a curiosidade pela vida. Se estou sempre descobrindo coisas novas
e belas, tenho uma boa motivação para seguir vivendo.
DW: Por que
envelhecemos?
BKG: Estamos na Terra porque temos um objetivo biológico
básico, que consiste em transmitir nossos genes às gerações seguintes. Feito
isso, nos tornamos prescindíveis. Então passamos a envelhecer de maneira
significativa e mensurável. Até os 30 anos, quando a missão de reproduzir
normalmente foi cumprida, permanecemos jovens. A partir daí, não somos mais
interessantes para a Mãe Natureza. Quem, então, ainda quiser se manter jovem e
saudável, precisa se cuidar muito.
DW: As mulheres se
tornam inférteis antes dos homens, mas a expectativa de vida delas ainda é
maior. Como isso se explica?
Há duas teorias. A primeira é que as
mulheres são mais importantes. Elas contribuem para a preservação e reprodução
da espécie muito mais do que os homens, por meio da gravidez, da amamentação e
da criação dos filhos. Dessa forma, estão mais protegidas biologicamente.
A outra versão é a assim chamada
"hipótese da avó". Ela postula que as mulheres de idade avançada,
mesmo que inférteis, ainda mantêm um papel importante na educação e criação dos
netos, o que também ajuda a preservar a espécie. Por isso, as mulheres vivem
mais.
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FONTE: TERRA
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