sábado, 21 de novembro de 2015

Porque os idosos são mais sábios, segundo a Ciência


“Dai-me coragem para mudar o que posso, serenidade para aceitar o que não posso mudar e sabedoria para perceber a diferença.” A conhecida prece mostra com bastante simplicidade o quanto a capacidade de fazer bons julgamentos é valorizada. Mas seria a sabedoria uma dádiva ou algo que se desenvolve com o tempo?

Para o neuropsicólogo russo-americano Elkhonon Goldberg, a sabedoria é uma forma de processamento mental muito avançada, que atinge seu auge apenas na velhice – justamente a época em que a capacidade do nosso cérebro começa a diminuir. Esses dois processos aparentemente contraditórios são o tema central do livro The Wisdom Paradox (“O Paradoxo da Sabedoria”, sem tradução para o português), publicado em 2014. “A velhice é sempre vista como uma época de declínio, mas ela pode trazer novas habilidades muito poderosas”, diz Goldberg.

Mas o que é a sabedoria, afinal de contas? Os dicionários dizem que é a qualidade de ter experiência, conhecimento e capacidade de fazer bons julgamentos. Goldberg prefere uma descrição mais prática. “É a capacidade de ‘saber’ a solução de um problema complicado ou inesperado de maneira praticamente instantânea e sem esforço mental. É também a capacidade de conseguir antecipar eventos que costumam pegar as pessoas desprevenidas.” Mais do que simplesmente reconhecer uma situação de crise, por exemplo, o mecanismo da sabedoria permite enxergar formas de resolvê-la. Mesmo que a pessoa nunca tenha atravessado por algo igual.

A chave para esse processo, segundo Goldberg, é a nossa capacidade de identificar padrões. Ao ver uma cadeira, por exemplo, somos capazes de identificar que aquilo é uma cadeira, sem precisar ter visto todos os tipos e modelos que existem no mundo. Isso é possível porque criamos um modelo mental da cadeira genérica, com todas as suas características comuns, e que é ativado quando vemos algum objeto que se encaixa na descrição. Isso funciona também com situações e na resolução de problemas. “Se não fosse por essa capacidade, cada objeto e cada situação que encontrássemos durante a vida seria tratado como uma coisa totalmente nova, e seríamos incapazes de usar nossas experiências anteriores”, diz o neuropsicólogo.  A habilidade de reconhecer semelhanças entre problemas aparentemente novos e outros já resolvidos é o que Goldberg define como competência.

Quanto maior o número de experiências e padrões acumulados por uma pessoa competente, maior a sua experiência num determinado campo. É por isso que um médico com vários anos de trabalho acumulados consegue resolver problemas melhor do que um recém-formado – apesar de o treinamento de ambos serem muito semelhantes. Todos nós, em maior ou menor grau, possuímos competência e conseguimos acumular experiência, diz Goldberg. “Já a sabedoria é vista como a versão mais avançada dessas habilidades e exige uma forte mente analítica e uma biblioteca de padrões bastante abrangente.”

À medida que as relações entre os diversos padrões vão sendo processadas pelo cérebro, elas vão formando redes de neurônios que Goldberg chama de “atratoras”. São “circuitos” de memórias relacionadas e que contam com diversas maneiras de ser ativados. Quando você vê o rosto de uma pessoa, ativa a rede atratora que relaciona várias outras coisas que você sabe sobre ela. A sabedoria, então, seria consequência de uma grande quantidade de redes atratoras no cérebro da pessoa. E tanto elas quanto os padrões levam tempo para serem acumulados em quantidade suficiente para resolver problemas de maneira rápida e eficiente. “Por causa disso, o envelhecimento acaba sendo o preço da sabedoria”, resume Goldberg.

Arquivo vivo
A relação entre sabedoria e envelhecimento não tem a ver somente com o acúmulo de experiências, segundo Goldberg. Outro fator importante são as mudanças que ocorrem na forma como o cérebro lida com informações. O lado direito (esquerdo, no caso dos canhotos), responsável pelo processamento de informações novas, costuma sentir os efeitos do envelhecimento antes do lado esquerdo, onde se concentra boa parte da nossa memória de longo prazo.

Na prática, a experiência e a sabedoria acabam conseguindo compensar parcialmente essa perda, diz o neuropsicólogo. “Quando somos jovens, a maior parte do nosso poder de processamento é empregada em tentar entender o mundo e as situações com as quais nos confrontamos”, explica ele. “Esse poder diminui com a idade. Em contrapartida, a maioria dos problemas que surgem pode ser resolvida com base na comparação com os padrões que foram acumulados. Isso demanda muito menos trabalho do nosso cérebro do que tentar entender uma situação completamente nova.”

A forma como a memória começa a falhar com a idade também tem um papel importante. Padrões, como as características em comum das cadeiras ou de problemas conhecidos, são muito mais resistentes ao tempo do que dados isolados – por exemplo, a informação de que Pequim é a capital da China. Por fim, o início do declínio mental costuma coincidir com a aposentadoria, época em que os desafios do  dia a dia diminuem consideravelmente.

A história traz importantes exemplos de como essas capacidades analíticas conseguem sobreviver ao tempo e, inclusive, ao início de demências. O ex-presidente americano Ronald Reagan começou a apresentar os primeiros sinais do mal de Alzheimer enquanto ainda estava na Casa Branca. Winston Churchill, primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra Mundial, teve diversos lapsos mentais e alguns derrames durante seus dois mandatos. Joseph Stalin, que comandou a ex-União Soviética por décadas até sua morte, em 1953, passou a ter diversas dificuldades de linguagem em seus últimos anos. Também há indícios de que o ditador nazista Adolph Hitler tenha começado a apresentar sinais de demências menores. O ponto comum entre essas personagens, diz Goldberg, é que, apesar desses problemas, todos eles ainda foram capazes de liderar seus países até praticamente a morte. “Sim, eles tinham muitos e muitos assessores para compensar as dificuldades. Mas em nenhum momento eles foram marionetes. Sempre estiveram no comando”, diz o neuropsicólogo.

Eram todos eles sábios? “Provavelmente não. Mas todos acumularam muitos padrões e experiências e exibiram muita competência e experiência, que serviram para levar adiante seus bons ou maus propósitos”, diz Goldberg. “Todos eles são exemplos de como o mecanismo de reconhecimento de padrões é poderoso e consegue compensar até certo ponto diversos outros problemas cognitivos.”

Somando tudo isso, fica fácil perceber que, na prática, a sabedoria trata-se mais de uma troca do que de uma supercapacidade. E é dessa forma que ela precisa ser encarada, diz Goldberg. Em outras palavras, não como o ápice do nosso processamento mental, mas como um mecanismo biológico para compensar a queda de capacidades como a concentração e a aquisição de novos conhecimentos. “Ela tem um efeito bastante considerável, mas é finito e apenas diminuiu o ritmo do nosso declínio mental, que é inevitável”, afirma Goldberg.

Experiência acumulada
Apesar de inevitável, o declínio mental é gradual em pessoas que não têm doenças degenerativas, com o mal de Alzheimer. Isso significa que é possível aproveitar bem as vantagens que a sabedoria traz. “Há diversas tarefas mentais  nas quais os idosos têm resultados tão bons quanto os de pessoas mais jovens”, diz a neuropsicóloga Jacqueline Abrisqueta-Gomez, do Hospital São Paulo. Basta não considerar o tempo gasto, o que nos idosos tende a ser maior. “Grandes empresas multinacionais costumam entregar o comando para profissionais na faixa dos 50 anos, que estão num ponto de equilíbrio entre velocidade de processamento e experiência acumulada”, diz a médica.

Há também aqueles que atingiram o ponto alto de suas capacidades exatamente na velhice. Entre os exemplos, Goldberg cita o escritor alemão Goethe. Ele escreveu o primeiro volume de sua obra-prima, Fausto, aos 59 anos, e a segunda aos 83. “Goethe escreveu muitos livros durante sua vida, mas foi justamente a obra produzida na velhice que se tornou sinônimo de seu nome através dos séculos.” Outro exemplo citado é o do arquiteto espanhol Antoni Gaudí, que morreu num acidente aos 74 anos, no auge de sua capacidade criativa.

No fundo, talvez seja a experiência e a sabedoria que nos permitam viver 60, 70, 80 ou mais anos. “Somos uma das poucas espécies cuja vida vai além do período reprodutivo”, diz Goldberg. Qual seria a importância de um indivíduo que, do ponto de vista biológico, não tem mais nada para contribuir para a perpetuação da sua espécie? “Uma possibilidade é que os mais velhos contribuam de uma maneira crítica para a sobrevivência da espécie por outros meios – particularmente na transmissão do seu conhecimento acumulado para as gerações mais novas, por meios culturais, como a linguagem”, acredita o pesquisador.


Assim como nem todos os idosos apresentam demências graves, nem todos atingirão a sabedoria. Embora o potencial de certas pessoas seja maior que o de outras, é preciso desenvolvê-lo. “Expor-se constantemente a novos desafios mentais é um ingrediente muito importante”, diz Goldberg. Sem o acúmulo de experiências que alimentam a biblioteca de padrões, mesmo a mais analítica das mentes não conseguiria chegar à sabedoria. A sabedoria, escreveu o filósofo grego Sócrates, começa com a vontade de saber.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

35º Encontro da Feliz Idade é registrado em selfies


Há quem ainda pense que a tecnologia é uma mania exclusiva entre os jovens, mas os participantes do 35º Encontro da Feliz Idade, realizado em Poços de Caldas (MG) provam o contrário.

“A tecnologia não é só para os jovens. Nós, com mais de 60 anos, também podemos usar o celular para registrar cada sorriso. E, aqui em Poços, eu já registrei milhares de sorrisos de cumplicidade. Depois, eu mando as fotos para os amigos através do aplicativo de mensagens”, conta Maria de Lurdes, manicure de 66 anos e que  há três participa do evento.

O encontro é parte das comemorações do Dia Internacional do Idoso, comemorado no dia 1º de outubro. A data coincide com o aniversário de Dovenir, também presente na festa:
“Quer melhor forma de comemorar a feliz idade do que esta? Hoje, é meu aniversário e estou extremamente feliz por poder comemorar a data, na cidade onde nasci, me casei e criei meus quatro filhos. Ah, e tem ainda nove netos. Comemoração que faço questão que seja ao lado da minha querida esposa e de tantos amigos que estão aqui na cidade”, disse o mecânico aposentado, casado há 52 anos.

“Participar desse evento é uma inspiração para o mundo. Eu penso que a velhice está na cabeça das pessoas. Se eu gosto de dançar, eu vou lá e danço. Se eu sei cantar, eu vou e canto. É assim que tem que ser. Sou um velho muito ativo”, revela o baiano Alício Barbosa que, aos 86 anos, esbanja vitalidade.

Em meio a tantas emoções, muita saudade também se encontra. Dona Irany Moniz da Silva, de 74 anos é educadora aposentada, do Rio de Janeiro (RJ), e há um ano perdeu o único filho, vítima de um enfarto. Seu espírito jovem não esmoreceu:

“Eu sou uma perua! Adoro viver a vida intensamente! Acredito que o meu propósito é espalhar alegria para as pessoas e não me importo com o que os outros pensam da minha aparência. Tanto é que para 2016 vou pintar meu cabelo de rosa choque. Já decidi”.


O evento, que em 2015 completou 17 anos, reuniu nessa edição cerca de 1.650 idosos, vindos de 14 estados de 164 municípios brasileiros.

FONTE: G1

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Quando a Andropausa se manifesta


Segundo a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), entre os 40 e 55 anos de idade, homens podem apresentar sintomas semelhantes à menopausa. Cientificamente chamada de deficiência androgênica do envelhecimento masculino (Daem), a Andropausa atinge entre 10% a 15% dos homens a partir dos 40 anos, mas muitos podem chegar aos 80 anos sem apresentar nenhum sintoma.

Diferente da menopausa, a condição não é uma regra que atinge a todos e a fertilidade também não é interrompida. Outra diferença é que começa bem mais cedo – por volta dos 30 anos, mas, por ser um processo muito mais lento e gradual, só é percebido anos mais tarde.

Com o avançar da idade, o declínio de testosterona (hormônio responsável pelas funções reprodutivas, pelo desejo sexual e pela saúde e bem-estar físico masculino) é um fenômeno bastante comum.

A queda gradual dos níveis de testosterona circulante pode estar ligada à qualidade de vida e alguns agravantes podem desencadear a doença, entre os mais comuns estão:

- Estresse;
- Hereditariedade;
- Disfunções tireoidianas;
- Álcool, tabagismo e drogas;
- Contusões testiculares;
- Intervenções cirúrgicas;
- Obesidade e suas complicações, como diabetes;
- Infecções;
- Sintomas de alerta.

Sintomas da Andropausa:

- Diminuição do desejo sexual;
- Disfunção erétil;
- Mudança de humor/depressão;
- Queda na produção intelectual com prejuízo da memória;
- Menor noção de espaço;
- Fadiga;
- Diminuição de massa muscular e óssea;
- Aumento da circunferência abdominal;
- Perda de pelos corporais (exceto a calvície);
- Dificuldades para dormir.

Os médicos recomendam que a avaliação dos níveis de testosterona seja feita em homens jovens somente em caso de aparecimento de sintomas e desconforto. Algumas outras doenças podem apresentar sintomas semelhantes à Andropausa.

Homens acima de 50 anos devem ser submetidos a um checkup anual e que  inclua a dosagem dos níveis de testosterona. Um simples exame de sangue pode ajudar a impedir que os sintomas prejudiquem o cotidiano do paciente ou que afetem sua disposição física e mental.

Dicas para retardar o aparecimento de sintomas ligados a Andropausa:

- Evite açúcar e gorduras e inclua mais peixes e frutos do mar na alimentação, devido  à grande quantidade de zinco, fundamental na regularização dos níveis de testosterona.

- Consuma carne vermelha magra e branca (aves), feijão, brócolis, repolho e couve-flor. Esses alimentos apresentam níveis elevados de indóis, compostos alimentares que ajudam a reduzir os níveis de estrogênio, o hormônio feminino.

- Pratique exercícios físicos, mantenha a vida social ativa e cuide do emocional.

Embora a Andropausa não tenha uma prevenção definitiva, ela pode ser adiada e controlada, garantindo ao paciente uma melhor qualidade de vida. Nos casos em que a condição já compromete o bem-estar do paciente, a reposição hormonal pode ajudar. Procure um médico.

FONTE: FAMÍLIA

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Os queridinhos da Economia

Eles têm tempo de percorrer lojas, vasculhar prateleiras, conferir novidades e amam presentar seus netos. São exigentes e confessam que, como quase todo mundo, compram por impulso. Muitos deles ainda trabalham, mas sem toda aquela correria comum de quem concilia a vida profissional com a necessidade de dar atenção aos filhos. Foi-se o tempo em que ser idoso indicava incapacidade de viver suas próprias escolhas.
A economia observa com bons olhos a longevidade. Hoje, as pessoas com 60 anos ou mais somam 15 milhões de brasileiros, representando 12% da população. Estima-se que em 2025, o número de idosos pode chegar a 32 milhões. De acordo com o IBGE, eles possuem potencial de consumo de R$ 7,5 bilhões anuais.

Algumas características desse público apontadas por estudiosos:

Bons pagadores - Acredita-se que pessoas maduras são, em sua maioria, naturalmente mais responsáveis e atentas aos gastos que adquirem, dando importância ao ‘nome limpo’ e uma vida sem dívidas.

Confiança – Tornam-se fieis às lojas e até mesmo aos vendedores que os atenderam bem. São clientes conquistados com paciência e cordialidade. Treinamentos podem ser decisivos para essa fidelização.

Preço justo – Em geral, os idosos costumam buscar os melhores preços para que medicamentos e outras despesas básicas sejam pagos com a renda da pensão ou aposentadoria.


Cabe lembrar que ninguém gosta de ser taxado em um estereótipo ou discriminado. Um produto ou serviço atraente a esse público pode não ser, necessariamente, desenvolvido para a terceira idade. Refletir em fatores como a resistência ou o conforto que um material oferece, no entanto, pode ser a porta de entrada para fidelização desses novos clientes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Os Riscos da Incontinência Urinária


As incontinências, com destaque para a urinária, são doenças bastante prevalentes com o avanço da idade. A perda involuntária do controle da urina, apesar de se tratar de um evento importante para o organismo do indivíduo, não recebe a atenção necessária por muitas pessoas.

O transtorno é uma causa frequente de internações, fator de risco para desenvolvimento de quadro depressivo, outro grande problema comum entre os idosos. E é fácil entender o porquê disso: uma pessoa que sofre de incontinência não sente autoconfiança ou desejo de sair de casa. Mesmo junto à família, a pessoa poderá se isolar por constrangimento do odor de urina frequente.

A necessidade de ir ao banheiro às pressas (e, mesmo assim, nem sempre a pessoa chega a tempo) aumenta as chances de quedas, lesões físicas e traumas psicológicos graves. Com tudo isso, a qualidade de vida é prejudicada de maneira geral:

- Social: Isolamento ou a realização de atividades restritas e condicionadas à proximidade e disponibilidade de um toalete;

- Psicológico: Medo e ansiedade, diminuição da autoestima e depressão;

 - Físico: Mau cheiro, desconforto (como o aparecimento de assaduras) e risco de quedas;

- Sexual: Apreensão e sensação de insegurança em razão de um contato íntimo (predispondo ainda mais ao isolamento);

- Ocupacional: Faltas ao trabalho e menor produtividade.

Existem vários tipos e causas de incontinência, sendo todas elas controláveis no caso da pessoa manter sua mobilidade e a mínima capacidade de raciocínio preservado. O Alzheimer é uma das doenças neurológicas que debilita o raciocínio e compromete esse quadro.

Alguns sinais que fogem do padrão de normalidade:

- Urinar mais do que oito vezes ao dia;

- Levantar-se mais do que uma vez à noite para urinar;

- Sentir necessidade constante e/ou urgente de ir ao banheiro e frequentemente eliminar pouca urina;

- Urinar involuntariamente ao levantar-se, tossir, dar risada ou elevar a pressão abdominal.

Procure um geriatra caso apresente esses sintomas. A avaliação de incontinência é feita de maneira particular para cada paciente e seu aparecimento pode apresentar variados graus de complexidade. Se seguir o tratamento adequado corretamente, você poderá ter um grande ganho em qualidade de vida.


FONTE: O GERIATRA