terça-feira, 14 de julho de 2015

Guia prático para prevenção a queda de idosos

   Com o avançar da idade, o indivíduo torna-se naturalmente mais frágil, em razão das mudanças inerentes ao próprio processo do envelhecimento, como a redução da visão e audição, deformidades musculoesqueléticas, diminuição da massa muscular, de alterações do equilíbrio e da mobilidade e do aparecimento de doenças crônico-degenerativas ao longo do tempo. Todos esses fatores aumentam o risco do idoso cair.
   No Brasil, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano. O risco  desse tipo de acidente pode ultrapassar 50% entre as pessoas acima de 85 anos. A principal e mais grave consequência das quedas são as fraturas, que geram declínio funcional, risco de novas quedas, depressão e até aumento da mortalidade. E é dentro de casa que ocorre o maior número de quedas, cerca de 70% dos casos.
   O uso de algumas classes de medicamentos ou ainda a associação do uso de várias medicações, chamada de polifarmácia, também aumenta o risco de quedas no idoso. Alterações no nível de consciência, da frequência cardíaca ou pressão arterial, sonolência excessiva, tontura, sudorese, podem ser efeitos adversos de medicamentos, com potencial aumento no risco. Esses sintomas devem ser comunicados ao seu médico para que mudanças na prescrição possam ser instituídas, se necessárias.
   O idoso saudável também tem risco de quedas no domicilio. Assim como é considerado frágil, ele está exposto a situações de risco de quedas, que podem variar de acordo com seu nível de atividade, do meio ambiente e do seu comportamento. Entende-se por idoso saudável aquele que, mesmo tendo doenças crônicas controladas, apresenta capacidade funcional suficiente para desenvolver todas as ações cotidianas sem dificuldades.

   Situações de risco mais comuns às quais os idosos se expõem dentro de casa:

- Tapetes soltos nos pisos de salas, banheiros, corredores, aumentando os riscos de deslizamentos e escorregões;
- Presença de móveis nos corredores e cômodos, em locais que precisam ser desviados ao transitar;
- Animais de estimação (gatos e cachorros) que correm próximos aos donos;
- Escadas sem corrimão;
- Ambientes pouco iluminados;
- Levantar durante a noite num local sem fácil acesso para acender as luzes;
- Uso de escadas para alcançar objetos guardados no alto;
- Piso do banheiro molhado e escorregadio;
- Sapatos de solados escorregadios ou com salto alto;
- O uso de meias, chinelos, tamancos, sapatos tipo “Anabela” aumentam a instabilidade na marcha e prejudicam o equilíbrio.
   Os riscos de quedas no domicilio devem ser reconhecidos pelos profissionais da saúde e pela própria família. Uma vez identificados, eles farão todas as adaptações ambientais indicadas. Uma equipe especializada nos cuidados da terceira idade também poderá ser acionada para essa força tarefa.

Adaptações importantes para prevenção de risco de quedas no domicilio:

Quarto:
- Mantenha interruptor de luz ou um abajur ao lado da cama, para não levantar no escuro;
- Se tiver tapetes no quarto, prenda-os ao chão;
- Evite camas muito baixas e colchões muito macios, que dificultam os movimentos de deitar ou levantar;
- Prefira cadeiras e poltronas com apoios de braço laterais e com altura adequada para sentar e levantar;

Banheiro:
- Aumente a altura do vaso sanitário, com um elevador de assento, e instale barras de apoio laterais e paralelas para facilitar ao sentar e levantar;
- No box, substitua vidros por cortinas, utilize tapetes emborrachados e antiderrapantes e instale barras de apoio para facilitar a movimentação; caso sinta dificuldades para se abaixar durante o banho, mantenha uma cadeira resistente no local;
- O uso de lâmpadas fluorescentes e de cortinas, além de pia e assento do vaso de cores diferentes do piso tornam o ambiente mais bem iluminado;

Cozinha e área de serviço:
- Não utilize armários muito altos que necessitem de bancos ou escadas para alcançar os objetos;
Salas e corredores:
- Não deixe pequenos objetos espalhados pelo chão, como brinquedos de crianças, fios ou extensões elétricas que cruzem o caminho;
- Luzes com sensor de movimento em locais escuros e barras de apoio podem ser úteis;
- Retire pequenos móveis que podem ser barreiras ao livre acesso entre os locais da casa;
- Evite sofás muito baixos e macios para reduzir a dificuldade para se levantar;
- Se tiver escadas, essas devem ser livres de objetos, possuírem corrimão dos dois lados, fitas antiderrapantes nos degraus e interruptores de luz, na parte inferior e superior da mesma;

O que mais pode ajudar na segurança do idoso:
- Prefira sapatos fechados, de saltos mais grossos, com até 2,5cm de altura e solados antiderrapantes, ou tênis.
- Mantenha anotados os números de telefone de familiares, amigos ou do serviço de Home Care em locais de fácil acesso para ligações em casos de emergência;
- Combata o sedentarismo, praticando atividade física regularmente.
   Na prevenção de quedas, estudos mostram que exercícios para ganho de força muscular, equilíbrio e alongamento são de comprovado benefício. Esses resultados podem ser obtidos através da musculação, fisioterapia motora e Tai Chi Chuan, praticados em academias, parques ou na sua própria casa.
Para os menos ativos, a mudança no condicionamento físico pode ser iniciada com caminhadas, com duração mínima de 150 minutos distribuídos ao longo da semana.
A supervisão de um profissional capacitado durante as atividades é indicada.
   Além disso, estudos demonstram que a suplementação de vitamina D pode reduzir o risco de quedas em pessoas acima de 65 anos. No entanto, é necessário uma orientação médica para o uso adequado.
   Quedas são eventos frequentes, potencialmente graves e que não devem ser negligenciados. Como apresentado acima, medidas simples podem ser facilmente adotadas, através de adaptação do domicílio, mudanças de comportamento e de estilo de vida na promoção de saúde.

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