segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Parkinson, a busca pela cura



Novas formas de detectar a doença mais cedo e tratá-la com eficácia aumentam a compreensão da medicina e podem melhorar a vida dos pacientes

Estima-se que sofram com a doença, hoje, cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. É sintomático que finalmente o Parkinson, uma doença diagnosticada pela primeira vez em 1817, torne-se um elemento do roteiro de novelas e até seriados. Segundo projeções do Banco Mundial, em 20 anos, o número de doentes em países como Japão, Alemanha, Itália e Reino Unido será 50% maior. Em países de população mais jovem, como o Brasil, o número de vítimas deve dobrar: dos atuais 200 mil para 400 mil.

A doença de Parkinson ocorre quando uma área do cérebro conhecida como substância nigra morre ou se torna deficiente. Isso compromete a produção de um composto que ajuda a conduzir os sinais elétricos que controlam os movimentos do corpo, conhecido como dopamina. Os principais sintomas da doença são tremores nos braços, pernas, cabeça e mãos, além de movimentos involuntários, enrijecimento do corpo, perda de expressão e lentidão. Em alguns casos, segue-se a demência. A primeira informação que se recebe com o diagnóstico é que Parkinson não tem cura. Mas não é uma sentença de morte. Morre-se com Parkinson, não de Parkinson.

Com o aumento da expectativa de vida, a doença tornou-se mais comum. Por isso, surpreende que a medicina a conheça tão pouco. A última droga que revolucionou o tratamento – a levodopa, que estimula o cérebro a produzir dopamina –  completou 50 anos. Ainda é ela, o principal remédio para o controle do Parkinson. Não apenas a ciência não consegue produzir drogas mais eficazes, mas os médicos continuam a se surpreender com as causas da doença.

Um exemplo: a cidade de Bambuí, em Minas Gerais, tinha uma incidência de Parkinson de 7,2% entre a população com mais de 64 anos, o triplo do índice normal. Um estudo de 2006 revelou que quase metade dos casos se devia ao uso descontrolado de remédios contra psicose e vertigem. O controle de vendas de remédios fez a taxa cair. Hoje, sabe-se que fatores genéticos respondem por 15% dos casos. Os outros vêm de causas variadas, muitas desconhecidas. Sabe-se também que a exposição a toxinas (como pesticidas) aumenta o risco de contrair a doença. 


Não há ainda tratamentos preventivos. A falta de alternativas terapêuticas está em processo de mudanças. Uma das grandes esperanças para tratar o Parkinson é a primeira vacina em testes com humanos. Com o nome técnico de PD01A, é a primeira tentativa de atuar na causa da doença. Desde junho de 2012, 32 doentes testam a medicação em Viena. O objetivo da vacina é incentivar o organismo a criar defesas contra essa proteína.

Ainda é cedo para comemorar. “Anular o efeito de uma proteína no cérebro pode ter mais consequências além da interrupção do Parkinson”, diz Michael Okun, neurologista da Universidade da Flórida. Há alguns anos, uma vacina feita para eliminar uma proteína conhecida como tau, para combater o mal de Alzheimer, levou os pacientes a desenvolver meningite. “Independentemente dos resultados, o fato de termos chegado finalmente à fase de testes é promissor. Sabemos mais sobre a doença hoje que há um ano e meio”, completa.

Enquanto uma vacina não chega, avança o conhecimento sobre como lidar com o Parkinson para minimizar seus efeitos. Sabe-se que a primeira arma na guerra contra o Parkinson é a disposição mental. Hoje, o paciente é estimulado a não se conformar com as alterações de seu corpo. Com tratamento adequado, o paciente pode ter uma vida normal e saudável. 

Por: Flávia Yuri Oshima
Fonte: Época
Disponível aqui.

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